quinta-feira, 18 de junho de 2009

Chato, né?


Uma coisa que adoro fazer é observar as pessoas e como elas reagem a determinadas situações simples do nosso cotidiano. Por exemplo: estar numa enorme fila de banco causa uma insatisfação tremenda. Disso não temos dúvidas! Afinal quem nunca vivenciou uma situação dessas?
Algumas pessoas se apresentam declaradamente chateadas, mas não produzem sons. Outras, além de chateadas produzem sons perturbadores, piorando ainda mais o drama da espera. E é aí que fixo a minha atenção nos outros. Exatamente em suas reações. Os seres humanos são incríveis neste sentido: alguns coçam a cabeça, como que dizendo: não vou suportar muito! Outros viram os olhos, sinalizando um provável: saco! Há ainda os sinceros que expressam mesmo toda a insatisfação com um peculiar: que merda!
Numa dessas minhas visitas às rodas de samba, pude observar uma cena muito interessante. Um casal conversava. Na verdade o cara estava num monólogo e a mina fazia uma cara de nojo. Era visível que ele não estava agradando. Menos pra ele... O cara com gestos exagerados demonstrava uma animação ímpar. E a cada abertura de boca ela virava o rosto na direção inversa, abaixava a cabeça, passava as mãos no rosto. Parecia sofrer com a situação. E ele? Ah, pura alegria! Que situação era aquela?
Fiquei imaginando se ele não teria um bafo horrível, tipo de dragão? Sabe aquela típica “boquinha de cocô”? Ri por alguns instantes e fui sendo arrebatada pela batida forte do pandeiro. Acabei esquecendo a situação. Porém, na fila do banheiro ouvi a história que ilustraria a cena. Quem narrava era a própria vítima, pelo menos assim a intitulei. Realmente o cara tinha um bafo horrível! E distribuía sem reservas muitos perdigotos. Ela confidenciava para amiga, que nessa altura soltava risinhos e um “chato, né?”. A pobre esperou duas rodas de samba para chegar junto do bofe e ficou muito desapontada.
A ida ao banheiro é sempre conflitante, mas mesmo assim é um prato cheio para quem gosta de historinhas. A demora para que a fila ande é sempre artordoante (parece que há uma combinação para que todas ocupem o mesmo espaço, ao mesmo instante). A insatisfação do mulherio é gritante. Nesta situação num instante esqueci-me da pobre morena, porque outra coisa que ninguém merece é fila de banheiro de boteco com várias pererecas chorosas, aí meus amigos até eu viro os olhos e solto um sonoro MERDA! Deixo de lado o meu lado voyeur e me incluo no coro das bexigas explosivas: quero fazer xixi!

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